sábado, 6 de fevereiro de 2010

MARACATUS

Breve descrição feita por Rodolfo Teófilo do ritual:
"... logo que chegava o rei com sua corte, entrava a missa, que era cantada, com repiques de sinos e foguetes. O casal de escravos sentava-se no trono com ares de quem estava convencido da realidade da cena, representada também pelos reis dos brancos tão ou mais ridículos de cetro e coroa do que ele. Acabada a missa, saía o cortejo real de cidade à fora até o palácio, em que passava o resto do dia a comer, a beber, a dançar, festejando as poucas horas de liberdade que todos os anos lhe concediam os senhores da terra que primeiro libertou os escravos."

Há muito pouca documentação sobre a história do maracatu antes da década de 50. Os primeiros registros confiáveis de maracatu em Fortaleza datam do início do século XX, quando Gustavo Barroso descreve, em "Coração de menino", os desfiles que ocorriam na Praça do Carmo (então Praça do Livramento). Segundo Calé Alencar, fundador do Maracatu Nação Fortaleza e pesquisador da história do Maracatu no Ceará, a origem do Maracatu em Fortaleza provavelmente seja mais antiga. Pois os registros dos Autos dos Reis de Congos na cidade datam do final do século XIX e já em 1730 os negros fundaram a Igreja do Rosário em Fortaleza, pressupondo a presença da irmandade do rosário, e conseqüentemente a coroação dos reis.
Segundo Eduardo Campos¹ o maracatu cearense teria se originado à partir do ritual de Coroação dos Reis do Congo realizado pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos da Capital (representante fortalezense da irmandade do Rosário dos negros).
Nos registros mais antigos, os desfiles de maracatu em Fortaleza ocorriam nas festas do ciclo natalino, nas festas da Nossa Senhora do Rosário e de Corpus Christi, onde não eram bem aceitos. Á partir de 1937, com o desfile de estréia do maracatu Az de Ouro, criado por Raimundo Alves Feitosa (Raimundo Boca-aberta) em 1936, o maracatu cearense passou a assumir a formação de um bloco carnavalesco e a desfilar durante os carnavais, como ocorre até hoje. Além de ter criado o maracatu Az de Ouro, existente até hoje, e ter adaptado o maracatu para os desfiles carnavalescos, Raimundo Boca-aberta foi um dos maiores compositores de loas de que se tem notícia e um compositor dos mais notáveis.

PERSONAGENS DO NOSSO MARACATU
O desfile de maracatu cearense pode ter até 150 participantes, que se dividem em vário sub-grupos. Com excessão dos índios, todos desfilam com o rosto pintado de preto. A seguir uma breve descrição dos principais personagens, em ordem de aparição:
Porta-Estandarte, Baliza e Lampeões - São os condutores do cortejo. Os guias, cada um com um lampião, e o porta-estandarte abrem o cortejo apresentando o escudo do maracatu, acompanhados pelo Baliza, que dança e faz acrobacias.
Cordão de negros africanos - Representa os povos africanos, que foram vendidos aos portugueses como escravos.
Cordão dos índios - Representa os índios brasileiros que acolheram os negros e a eles se uniram na resistência contra os europeus.
Cordão das negras - Representam as mucamas das fazendas, carregando utensílios domésticos.
Balaieiro - Negro carregando uma balaio de frutas na cabeça. Representa, ao mesmo tempo, uma oferenda aos orixás, e os escravos que saíam às ruas para vender os excessos de produção das fazendas.
Pretos velhos - Usando bengalas e fumando cachimbos, o casal de negros velhos representam os terreiros de ubanda e simbolizam o respeito aos mais velhos.
Corte - Representam a nobreza. São príncipes, princesas, vassalos, mucamas e por último, o rei e a rainha com roupas coloridas e enfeitadas.
Macumbeiro (s) - Uma ou duas pessoas que cantam a loa - geralmente, o líder do maracatu.
Bateria - Vários percussionistas com surdos, ferros, caixas e chocalhos.

Fonte: http://cearadeluz.50webs.com/maracatu.htm#cea

Nenhum comentário: